Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de agosto de 2018

O mês de agosto foi marcado pelo retorno das chuvas a região Sudeste, em especial para a faixa Sul dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. As regiões Sul e Norte permaneceram com chuvas regulares e em volumes consideráveis, enquanto as regiões Centro-Oeste e Nordeste continuaram dominadas pelo tempo seco ao longo do mês de agosto (mapa 1). No Mato Grosso foram registradas apenas pancadas isoladas de chuva, que beneficiaram o desenvolvimento das lavouras de cobertura, como milheto, braquiária e crotalária, mas prejudicaram as lavouras de algodão em fase de maturação e colheita.

Em São Paulo, as temperaturas noturnas mais amenas durante a maior parte do mês (Mapa 2) favoreceram os produtores de verduras e legumes do interior do Estado. No Sul do país, apesar das geadas observadas ao longo do mês, favoreceram o desenvolvimento dos pomares e a qualidade das frutas da região serrana, mas também tornaram mais frequente a necessidade de tratamentos fúngicos por causa da elevada umidade. Essa condição meteorológica também afetou as lavouras de canola, aveia branca, feijão 1ª safra e hortigranjeiros da região.

Foram observadas geadas no estado do Mato Grosso do Sul, o que afetou os canaviais em fase de rebrota. As pastagens do Estado, além do efeito negativo do frio, também vêm experimentando dificuldades por causa da intensa nebulosidade, reduzindo as taxas de crescimento em especial nas áreas de baixa fertilidade natural dos solos.

A elevada umidade do solo na Região Sul (Mapa 3) continua favorecendo o desenvolvimento das lavouras de trigo da região, mas atrasando a colheita das lavouras de arroz e milho safrinha no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No Sudeste e Centro-Oeste, as chuvas foram suficientes apenas para atender a demanda hídrica das cultuas durante uma parte do mês, mas sem elevar a umidade do solo. Isso significa que se as chuvas não continuarem de forma regular ao longo do mês de setembro, os efeitos da estiagem voltarão a ser sentidos mesmo nas regiões que já receberam chuvas mais expressivas ao longo do mês de agosto.

Mapa 1 (Chuva) e Mapa 2 (Temperatura Mínima) - Sistema TEMPOCAMPO
 
Mapa 3 (Armazenamento) - Sistema TEMPOCAMPO
 


Cana-de-açúcar

O retorno das chuvas em para o interior de São Paulo causaram algum impacto nos processos de corte e transporte da cana-de-açúcar, mas aliviaram expressivamente o estresses hídrico ao qual estavam submetidos os canaviais de final de safra praticamente todo o Estado. Além disso, essas chuvas favoreceram os canaviais já colhidos e em vase de brotação para o próximo ano, trazendo uma perspectiva mais positiva para a próxima safra.

Sistema TEMPOCAMPO

O Sistema TEMPOCAMPO, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) foi desenvolvido a partir de diversos projetos de pesquisa e consiste atualmente num sistema de monitoramento agrometeorológico e previsão de safras agrícolas cobrindo todo o território nacional. Oferece apoio à tomada de decisão e interpretação quantitativa da variabilidade climática sobre a produtividade agrícola. O módulo de previsão de safras do Sistema TEMPOCAMPO se baseia em um grande banco de dados meteorológicos, atualizado diariamente, que simula o desempenho das culturas monitoradas com modelos baseados em processos, considerados pela comunidade científica como a ferramenta mais avançada para quantificação do efeito do clima na produtividade agropecuária. O Sistema conta atualmente com simulações para as culturas de cana, milho e soja envolvendo diversas regiões do Brasil e parceiros públicos e privados de diferentes ramos de atuação.

Um dos principais indicadores do Sistema TEMPOCAMPO é o “Coeficiente de Produtividade Climática” (CPC), que representa um índice quantitativo que isola o efeito do clima dos demais fatores de produção sobre o desempenho das culturas, servindo assim tanto para projeção de safras com até 11 meses de antecedências (no caso da cana-de-açúcar, por exemplo) como para a avaliação do efeito de práticas de manejo ou mudanças no sistema de produção, separando os efeitos humanos daqueles decorrentes do clima.

Leia mais sobre o sistema em www.tempocampo.org.

Fonte: Site de notícias da ESALQ/USP

 

 

Setembro 4, 2018
Crédito das fotos: Sistema TEMPOCAMPO