Em 100 anos, temperatura média anual em Piracicaba sobe 1,5ºC

Nos últimos 100 anos, a temperatura média anual em Piracicaba (SP) subiu 1,5ºC. De acordo com informações da Estação Meteorológica instalada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esaql/USP), o índice passou de 21ºC em 1917 para 22,5ºC em 2016.

Fatores como a industrialização e urbanização ajudaram nesse processo de aquecimento. “É uma sauna, está demais de calor. Está insuportável”, afirma a autônoma Aline Almeida.

Pode parecer pouco, mas no dia-a-dia, o aumento médio de um grau e meio na temperatura faz com que a sensação térmica seja maior. Fato que aumenta o desconforto.

Nas casas, moradores consomem mais água e mais energia. Neste cenário, a grande preocupação é com a produção agrícola. Quanto maior a temperatura, mais água as plantas precisam.

“Ao analisar estes dados, vamos ver que as plantas estão consumindo mais água, mas a reposição do que elas consomem continua a mesma coisa. Isto gera um déficit no balanço hídrico. Consequentemente, a produtividade é prejudicada”, explica o professor de agrometeorologia, Paulo César Sentelhas.

Cem anos
Este ano, a Estação Meteorológica da Esalq completa 100 anos. Ela foi criada para ajudar a entender a variação da produção agrícola.

No início, o espaço media apenas a temperatura e o índice de chuva na cidade. Atualmente, é referência na medição do clima no município e conta com mais duas estações: uma automática, que faz medições de 15 em 15 minutos e outra do Instituto Nacional de Meteorologia.

Apesar disto, o processo manual ainda é usado para comparar as médias históricas.

História
Os anos de 1982 e 1983, bateram todos os recordes de chuva em Piracicaba. Em 1983, foram três grandes inundações. Em uma delas, o Rio Piracicaba chegou a sete metros acima do nível normal. Muitas casas foram inundadas.

O último mês de janeiro também choveu muito. Foi o 11º primeiro mês do ano com o maior índice: 334 milímetros de água. O número é 45% a mais do que o esperado para o mês.

Seca
Os dois últimos anos ajudaram na recuperação da seca registrada em 2014, quando choveu apenas 907 milímetros durante todo o ano (quarta pior marca desde o início das medições).

“Isto não quer dizer que o clima mudou ou que as precipitações se alteraram. Tanto é que voltou a chover nos dois últimos anos. Isto mostra claramente que existe uma variabilidade do clima e nas condições meteorológicas, principalmente da chuva. Cenário que deve ser  considerado quando se trabalhava com agricultura”, diz Sentelhas.

Para os pesquisadores, as medições ajudam a entender as mudanças climáticas. Para as pessoas, o jeito é se adaptar ao tempo.

“O frio e o calor, independente se eu gostar ou não, ele vai acontecer. Então eu tenho que me adaptar”, afirma o aposentado Ivan Galvão.

Fonte: Site do G1 - Piracicaba e Região

Fevereiro 19, 2017
Prof. Dr. Paulo César Sentelhas do Departamento de Engenharia de Biossistemas ESALQ-USP explica sobre as variações meteorológicas.